quinta-feira, 15 de maio de 2014

Walk [Your City] – Porto Alegre

      As cidades grandes têm se mostrado um verdadeiro caos quando o assunto é o trânsito. E, em razão desse visível problema, se originou, nos Estados Unidos, o projeto "Walk [Your City]", que propõe uma solução muito simples à população: vá a pé. A proposta, que visa a colocação de placas informando distâncias a certos pontos da cidade, como avenidas e parques, já se espalhou por vários países e, agora, Porto Alegre também faz parte desse projeto. A iniciativa na capital surgiu no ano passado, com alunos do Colégio Farroupilha, junto ao coletivo Shoot the Shit, para o movimento #daescolapravida.

[Foto: Joana Berwanger, em PUCRS]


       Para entender melhor essa proposta, conversei um pouco com o Bruno Lupinacci Von Der Heyde, um dos alunos que participou desse projeto: 


      Jota Jornal – Da onde surgiu a ideia do Walk Your City? 
      Bruno – Surgiu quando o nosso grupo se reuniu com o Shoot the Shit. No início tínhamos várias ideias, mas acabamos escolhendo a do Walk Your City, pois parecia a que teria um uso melhor. 

      Jota Jornal – Como foi realizado o financiamento? Que valor vocês conseguiram atingir? 
      Bruno – O financiamento foi alcançado com a ajuda do site Catarse [site de financiamento coletivo] que ao lançar um projeto, as pessoas podem doar seu dinheiro se a ideia lhes parecer boa. Conseguimos alcançar aproximadamente R$ 4.000,00 [anteriormente, eles buscavam apenas R$ 2.000,00]. 

      Jota Jornal –  Como foi feita a colocação das placas? 
      Bruno – Nós reunimos no dia do aniversário de Porto Alegre pra por a ação em prática como uma homenagem. A colocação das placas foram feitas em torno das principais áreas, tanto de turismo, como de lazer. Por exemplo: praças, teatros e o Gasômetro.

      Jota Jornal – Qual foi a reação do público?
      Bruno – A reação do público ao ver as placas foi muito gratificante, as pessoas se mostraram interessadas e esperamos que elas sintam-se dispostas a caminhar mais e deixar de lado os automóveis para  se locomover em pequenas distâncias.


      A produção das placas acontece nos Estados Unidos e cada uma custa aproximadamente R$ 20,00. O grupo interessado no projeto é responsável por desenhar as placas, que depois são enviadas para a cidade e, assim, são instaladas. A placa contém um sinal que pode ser escaneado pelo celular e, dessa forma, o pedestre pode ter acesso ao caminho a ser seguido para chegar ao ponto citado. 

      A ideia se volta não só para os problemas dentro do trânsito, como também é um incentivo às pessoas para uma vida mais saudável. Ao substituir o carro por caminhadas, estaremos substituindo o estresse criado dentro do ambiente de tráfego por atividades que ajudam a controlar e evitar problemas de saúde futuros.

      Em entrevista à Zero Hora, o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, estranhou essa sinalização: 
      – Não sei qual o objetivo deles aqui. É uma maneira estranha de colocar a sinalização sem contatar o órgão responsável. Poderíamos até participar da campanha, a ideia parece boa, mas do jeito que está não pode ficar. 
      Disse, também, que iria mandar retirar, já que a colocação de placas em postes é ilegal. 


Opinião

      ação realizada pelo grupo é de grande importância. A participação da população para as melhorias dentro da cidade é fundamental, ainda mais para ideias inusitadas como esta, que são dificilmente realizadas pelo governo. Depender da prefeitura e de órgãos responsáveis significa esperar meses ou anos para ver mudanças efetivas, como nas obras realizadas na capital, que, há menos de um mês da Copa do Mundo, a maioria ainda está longe de ser acabada. É indiscutível que, se o projeto fosse elaborado pela própria EPTC, infelizmente, não só nos depararíamos com valores astronômicos para seu desenvolvimento, como também aguardaríamos meses para a sua completa efetuação – se é que fosse realmente efetuada.

      Ao invés de regularizar placas que estimulam a população a caminhar, diminuindo o trânsito tão caótico em que vivemos, em meio de obras e centenas de carros, a EPTC faz questão de se vendar, ignorando os benefícios trazidos à cidade, ainda mais em época de Copa do Mundo. A falta de voz da população está aí provada. Mesmo que sejam realizadas ações independentes que tragam melhorias às nossas cidades, a população é censurada, sem análise efetiva alguma.

Texto por Joana Berwanger

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